Entrevista com o Lifecoach (Tradução)

 

Esta entrevista à PC Gamer no dia 21 de Março de 2017, com ilustríssimo Adrian “Lifecoach” Koy, o primeiro vencedor do “Gwent Challager” e idealizador do torneio GwentSlam, deu uma entrevista já faz algum tempo, porém é muito interessante pois conta os motivos que o fez deixar de jogar Hearthstone para jogar Gwent, conta o que fez depois que ganhou muita grana no poker, fala sobre histórias envolvendo ele e a Twitch e muito mais sobre o cara. Lifecoach é uma das pessoas que mais ajuda a comunidade tanto em relação a torneios quanto a doações. A entrevista é longa mas coloquei os principais pontos abordados, vale à pena dar uma conferida:

 

“Lifecoach sobre deixar o Hearthstone: ‘Você não é recompensado, você é socado na cara’

Nós perguntamos ao jogador da G2 (ex time do Lifecoach) se a ‘Jornada a Um’Goro’ poderia atraí-lo de volta, e se ele realmente não precisa trabalhar nunca mais.

A decisão de Adrian “Lifecoach” Koy de parar de jogar Hearthstone competitivamente foi um golpe significativo para o jogo da Blizzard, que se esforça para ser levado a sério como um esport. Citando sua frustração com a RNG (fator sorte).

Essa mudança veio de um período intenso em que, ao lado de seu parceiro protegido e parceiro de treinamento, Jan “SuperJJ” Janssen, Lifecoach fez um boot camp (“acampamento” para treinamento) para praticar e ver como isso melhoraria os resultados. No decorrer da maratona, os fluxos diários das transmissões na Twitch da sala de jogos do Lifecoach em Viena, que se parece mais com o escritório de um vilão de James Bond, a dupla de alto nível de Hearthstone demonstrou uma dedicação nunca vista antes, e improvável que seja repetida. Até que finalmente eles se esgotassem.

Perder Lifecoach importa, porque, juntamente com Kolento e, mais recentemente, Pavel, ele foi um dos poucos jogadores a ter sucesso apresentando consistência em torneios. Sua carreira fala por si mesma, com várias conquistas importantes, além de ter sucesso como o líder da equipe G2 que foi dominante, que também inclui Thijs e Rdu.

O melhor jogador do mundo provavelmente pode ter uma vantagem de 5% sobre um bom jogador, por jogo, o que é ridiculamente baixo. Isso também reflete a baixa habilidade. Os jogos são muito curtos, então há poucas oportunidades para mostrar habilidades, porque os primeiros turnos são os mais simples. Você não tem recursos no campo, você tem pouca Mana para interagir, e também não há uma grande combinação de cartas para escolher. Portanto, não há muitos lugares para cometer erros, e a vantagem desaparece.

PC Gamer: A grande notícia é que você terminou com o competitivo do Hearthstone. É verdade?

Adrian “Lifecoach” Koy: Sim, mais ou menos. Eu não jogo a ranqueada mais. Não é que parei com o Hearthstone competitivo, é que acho que não há mais Hearthstone competitivo real, e é por isso que eu parei. Gostaria de jogar o real competitivo do Hearthstone, essa é a questão.

Havia um momento exato quando essa decisão foi tomada?

Não é um momento exato, mas continuamente durante o último ano e meio. Durante esse período, as coisas não eram exatamente perfeitas no jogo, em relação a uma visão competitiva. Blizzard tende a nerfar tudo que exige a pessoa a ter uma habilidade elevada, por outro lado, tentam facilitar o entendimento do jogo para mais acessível às grandes massas. Não é necessariamente um problema em si, mas parece-me que o desenvolvimento vai absolutamente contra o cenário profissional.

E no momento, falando sobre o Hearthstone competitivo, a questão é: Quando você pode chamar um jogo de competitivo? Se você conseguir alcançar uma vantagem de apenas 1%, seria uma espécie questão de sorte. Então, acho que não há desentendimento se você tiver um jogo e os melhores jogadores do mundo só podem jogar em 1% melhor do que um jogador médio, então é uma aposta pura e realmente não tem nada a ver com a competitividade. Não estou dizendo que o Hearthstone tem essa porcentagem exata de 1%, porém esta porcentagem é muito baixa.

O melhor jogador do mundo provavelmente pode ter uma vantagem de 5% sobre um bom jogador, por jogo, neste momento, o que é ridiculamente baixo. Isso também reflete à baixa habilidade. Os jogos são muito curtos, então há poucas oportunidades para mostrar habilidades, porque os primeiros turnos são os mais simples. Você não tem recursos na mesa, você pouca Mana para interagir, e também não há uma grande combinação de cartas para escolher. Portanto, não há muitos lugares para cometer erros, e a vantagem desaparece.

Você e Jan “SuperJJ” Janssen adotaram uma abordagem de boot camp para praticar e subir na ladder (No Hearthstone). Não havia sempre um perigo de que com essa abordagem agressiva vocês se “queimassem” perante a comunidade?

Isso é algo que eu vi que comentaram, mas se você seguir o meu canal do vlog ou na Twitch, você saberá porque fizemos isso. A origem do boot camp foi que ambos ficamos um pouco frustrados com o jogo e pensamos em desistir. Nós somos pessoas que costumam fazer coisas com todo nosso coração e todo o nosso tempo. Com o máximo de esforço ou simplesmente não fazemos de forma alguma. Nós dois temos uma natureza muito competitiva. Então estávamos pensando em abandonar Hearthstone, mas também amamos o Hearthstone e tivemos muitos momentos positivas com ele. Então, nós dissemos, ok, talvez estivéssemos errados e não jogamos o jogo o suficiente para alcançar nosso limite de habilidades. E talvez se passarmos 100 horas por semana no jogo, veremos coisas que nós não estamos no momento.

Como seus companheiros de equipe do G2 reagiram quando você mudou para o Gwent?

Eles apoiaram, é claro. Isso não foi um evento de proporção o suficiente para que se tenha um grande impacto neles. E também não é uma surpresa. Se algum outro profissional de Hearthstone sair neste momento, eu não ficaria surpreso. Eu não tive problema com nenhum dos profissionais que aproximavam e diziam: “Por que você parou de repente?” É claro como o céu: Qualquer jogador da cena competitiva  pode sair a qualquer momento – é apenas uma questão de quanto eles podem suportar. Sério, eu não disse a ninguém: “Ok, o Hearthstone competitivo está em um estado maravilhoso no momento”. Normalmente, só ouço isso daqueles que não estão jogando em competições de alto nível. É bastante fácil para alguém que está jogando por diversão, ou ‘trollando’ com decks memes, para mostrar que tudo está bem, mas eles não são parte disso.

 

 

Você consegue ver uma cena competitiva surgir em torno de Gwent quando este sair da versão beta?

Eu acho que a cena competitiva já está lá, porque é um jogo competitivo. A verdadeira questão é apenas se a empresa por trás disso será capaz de comercializá-lo de forma a torná-lo atraente como um esport, ou viável para o DreamHack, ou para quem quer que seja, para torná-lo atraente como um esport, assim promovendo-o. Mas, no que diz respeito à cena comunitária ou competitiva, já existe. É só isso ser transformado em um esports popular.

Primeiro conheci você como jogador depois de ouvir que havia um cara que era incrível com o deck de Handlock (do Hearthstone), mas sempre transmitiu sem camisa. Qual foi o acordo feito com a Twitch, e quando você foi repreendido por isso?

Quando Twitch decidiu que eu tinha que usar algo (camiseta), eu já estava de volta a Londres. O ano sabático que tirei do poker foi gasto nas ilhas Cayman. Era perto de 90 graus na casa, e se eu virava o aparelho de ar condicionado, a Twitch não conseguia ouvir o que estava dizendo. Então eu joguei sem camisa, porque eu não queria suar 12 horas por dia, e é por isso que eu não usei camisa. Eu também não sou uma pessoa para, como você diz, convenções públicas. Para mim, era uma coisa natural. Talvez eu poderia ter usado uma camisa de musculação ou algo assim, eu não sei. [Risos]

Você mencionou poker e seu ano sabático. Minha impressão de seguir a comunidade de Hearthstone é que você ganhou dinheiro suficiente para nunca mais trabalhar. Sem entrar nas especificidades de suas finanças, esse é o caso?

Sim, absolutamente. Este não é um segredo. Ganhei muito dinheiro no poker. Você provavelmente pode apenas pesquisar isso na internet. Mas eu também investi esse dinheiro em imóveis, e no mercado de ações, e também em coisas diferentes. Sendo sortudo, ou tendo uma mão sortuda, tudo terminou bem. No mercado imobiliário  foi tudo bem. Comprei exatamente as ações certas. Não foi mesmo uma conquista, eu diversifiquei minhas ações. Mas também comprei um monte de ações da Tesla quando estavam em US $ 25. Eu os comprei porque pensei: “Ok, esta é uma empresa eletrônica legal, e eu quero apoiá-los. Então, vamos diversificar parte do meu portfólio nesta direção. “Mas, obviamente, as ações decolaram, e isso foi muito legal.

Houve um momento em que você se sentou com sua esposa e disse: “Eu quero me concentrar em jogar este jogo competitivamente em tempo integral?

Eu acho que foi apenas uma transição. Durante o ano sabático, queria fazer tudo o que eu deliberadamente não fiz durante os últimos sete ou oito anos da minha vida, enquanto eu estava jogando poker ou com o imobiliário. Então eu passei meio ano com Hearthstone, e depois de meio ano eu realmente queria sair de novo. Eu senti que o jogo era realmente muito legal, e eu só queria dar meus conhecimentos à comunidade antes de seguir em frente. Mas as pessoas ficaram tão encorajadas pelo conhecimento que eu compartilhei que eles queriam que eu ficasse. E então eu passei três anos “na lareira” (no Hearthstone).

Então, você queria transmitir esse conhecimento que você acumulou?

Exatamente. Eu terminei consecutivamente no rank lendário com classificação 1, mas não consegui compartilhá-lo, então não era um sentimento tão bom. Eu simplesmente subi na ladder, consegui o top 1 na minha tela e era como: “Sim, tudo bem, legal.” Não era muito atraente. Eu achei muito triste que eu abordasse isso de forma analítica, e esse conhecimento poderia ser bastante útil, especialmente para outros jogadores analíticos. Surpreendeu-me que havia tantos jogadores de alto nível que queriam essa transferência de conhecimento. Tornou-se um pouco como uma família, e foi um sentimento muito agradável – ao contrário de qualquer coisa que eu tinha experimentado antes. Fazendo parte de uma comunidade legal com os mesmos interesses, mentalidade e até mesmo abordagem ética.

 

Você parece um cara muito sério, e claramente é um profundo pensador sobre o jogo, mas na Stream você encena efeitos com uma alegria quase infantil. Foi difícil restringir esse aspecto ao competir em eventos locais?

Eu não me seguro muito, a menos que seja algo que não seja muito amigável com o oponente. Se você derrubar algo, no ambiente doméstico, claro, você pode estar entusiasmado. As pessoas chamam de encenação, mas eu simplesmente faço sem pensar porque adoro. É só porque eu gosto do efeito e não consigo me conter. Mas, em um torneio, digamos que você pode prejudicar alguém sendo eufórico por causa do seu topdeck (sacada de carta), e você não pode ‘ficar louco’, porque é muito grosseiro.

Podemos esperar esse mesmo modo de interpretação quando se trata de Gwent?

Ah, absolutamente. Basta assistir meinha stream. Minha abordagem é que eu só jogo jogos que eu absolutamente gosto. É por isso que eu jogo games apesar de tudo.”

 

Se quiser conferir a entrevista original na íntegra, segue o link: http://www.pcgamer.com/lifecoach-on-quitting-hearthstone-you-dont-get-rewarded-you-get-punched-in-the-face/

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