Dias atrás a CD Projekt Red divulgou sua parceria com a NVidia afim de aumentar a qualidade de desempenho/gráfica de Cyberpunk 2077. De acordo com kotaku, entretanto uma imagem de exemplo desse salto de qualidade de Cyberpunk 2077 chamou atenção: Como você pode ver abaixo, uma propaganda hipersexualizada (quando as pessoas são vistas como um “objeto sexual” e sua valorização se dá apenas por isso) representando uma mulher trans atraiu ceticismo nas mídias sociais. Como pode ver acima, tudo indica que há um pênis embaixo da calça do(a) personagem do cartaz. O artista responsável se pronunciou alegando que não houve ofensa e que a arte é um comentário sobre marketing corporativo.
A imagem em questão vem de um anúncio in-game para um produto chamado Chromanticure, que parece ser um refrigerante com múltiplos sabores que devem ser misturados e combinados. O slogan diz: “misture tudo”. O slogan um tanto provocador e a genitália proeminente gerou uma reação no Twitter, com alguns usuários expressando ceticismo ou confusão sobre o contexto e propósito do anúncio. Em uma entrevista com Polygon, Kasia Redesiuk, apresentadora da CD Projekt Red, falou sobre o trabalho artístico.
Eu não acho que haja algo errado com sexualização de corpos trans. Eles podem ser lindos. Mas há um aspecto aqui que parece um pouco fetichista.
Pessoalmente, para mim, essa pessoa é sexy. Eu gosto de como essa pessoa parece. No entanto, esse modelo é usado – seu belo corpo é usado – por motivos corporativos. Eles são exibidos apenas como uma coisa, e essa é a parte terrível disso.
Cyberpunk 2077 é um futuro distópico onde as megacorporações ditam tudo. Eles tentam influenciar a vida das pessoas, e geralmente tem sucesso. Eles enfiam os produtos em suas gargantas. Eles criam anúncios muito agressivos que usam e abusam das muitas necessidades e instintos das pessoas. Assim, a hipersexualização é evidente em todos os lugares e, em nossos anúncios, há muitos exemplos de mulheres hipersexualizadas, homens hipersexualizados e pessoas hipersexualizadas no meio.
A CD Projekt Red e as entidades associadas da CD Projekt, como a GOG, já foram criticadas por faux-pas (violação do que é aceito pela sociedade) de mídia social envolvendo pessoas trans. Em agosto passado, a conta oficial do Twitter Cyberpunk 2077 fez uma piada sobre pessoas transexuais, porém o estúdio se desculpou.
Enquanto o gênero cyberpunk se concentra na manipulação corporativa, também é um gênero colorido pelas ansiedades do tempo em que foi criado. No RPG de mesa Cyberpunk 2020 (onde Cyberpunk 2077 se baseou e é uma espécie de continuação), uma mecânica chamada Humanidade denota a conexão fundamental de alguém com seu corpo e sua natureza humana. Esse valor pode ser reduzido a níveis perigosos com muitas modificações cibernéticas. As mudanças de sexo também diminuem a pontuação de Humanidade de um jogador em alguns livros de regras de Cyberpunk 2020. Jogadores com uma Humanidade baixa o suficiente entram em um estado violento chamado “cybespsicose”. Na vida real, as pessoas trans não precisam se preocupar em ser “ciber-psicóticas”. (Chocante!). Teremos que esperar até que Cyberpunk 2077 seja exibido para ver o quanto a “Humanidade” do RPG base, as mudanças de sexo ou a “cyberpsicose” serão incorporadas.
A artista da CDPR, Redesiuk, ofereceu um pedido de desculpas aos que estavam incomodados com o anúncio do jogo.
“Eu diria que nunca foi a intenção de ofender ninguém“, disse Redesiuk. “No entanto, com essa imagem de uma pessoa supersexualizada, queríamos mostrar como a supersexualização das pessoas é ruim. E é isso.“
Por mais polêmico que seja a imagem, é interessante levantar a discussão da hipersexualização que está tão presente na sociedade. O gênero cyberpunk tem como base discutir sobre os problemas sociais e esse com certeza é um de várias outras questões que serão abordadas no game.
Fiquem ligados no Vale do Pontar para mais informações!
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