Um PlayStation como relíquia. Parece improvável, mas essa é a conversa que está ganhando força dentro da Igreja Católica. O console usado por Carlo Acutis, o jovem italiano conhecido como o “Santo Gamer”, pode ser reconhecido como relíquia de segunda classe — aquelas associadas a objetos pessoais de santos.
Segundo informações divulgadas por portais católicos e jornais italianos, o videogame ainda está guardado pela família Acutis, e sua canonização, confirmada em setembro, reacendeu o interesse por tudo que um dia pertenceu a ele. Além disso, se a decisão for confirmada, o PlayStation se tornará o primeiro console da história a receber esse título.

Um santo da geração digital
Carlo nasceu em 1991, em Londres, mas cresceu em Milão, em uma família comum — sem grandes vínculos religiosos. Sua fé começou graças à influência de uma babá polonesa chamada Beata, que lhe apresentou o cristianismo. A partir daí, o garoto não parou mais.
Ainda na infância, Carlo aprendeu programação e edição de vídeo. Ele usava o computador com naturalidade e via a internet não como distração, mas como ferramenta. Aos 11 anos, criou um site que reunia milagres eucarísticos reconhecidos pela Igreja — uma enciclopédia digital da fé feita por um adolescente curioso e talentoso.
Ele costumava dizer que “a Eucaristia era sua autoestrada para o céu” e viveu de acordo com essa frase. Ia à missa diariamente, rezava o terço e se preocupava com os outros — defendia colegas de escola, acolhia animais de rua e ajudava pessoas em situação de pobreza.
Por fim, em 2006, aos 15 anos, Carlo faleceu vítima de uma leucemia fulminante. Mesmo assim, sua história continuou viva. Foi beatificado em 2020 e canonizado em 2025, tornando-se o primeiro santo millennial — um símbolo de espiritualidade e propósito em meio a uma geração criada entre telas.
Fé, games e propósito
Apesar de gostar de tecnologia, Carlo nunca se deixou dominar por ela. Quando ganhou um PlayStation aos 8 anos, decidiu, por vontade própria, jogar apenas uma hora por semana. Para ele, o videogame era uma distração divertida — não um vício.
Hoje, esse mesmo console pode se tornar uma relíquia de segunda classe, já que pertenceu a um santo reconhecido pela Igreja.
As relíquias são divididas em três tipos:
- Primeira classe: partes do corpo ou sangue do santo;
- Segunda classe: objetos de uso pessoal;
- Terceira classe: itens que tocaram em uma relíquia de primeira classe.
Além disso, se o PlayStation de Carlo for oficialmente reconhecido, será a primeira relíquia gamer da história — um símbolo poderoso de como fé e cultura pop podem coexistir.
O legado de um santo gamer
A história de Carlo Acutis mistura tecnologia, propósito e humanidade — três coisas que raramente andam juntas hoje em dia. Ele foi um garoto cercado por telas, mas que decidiu usá-las para construir pontes, não muros. Jogava videogame, mas também programava sites, criava e ajudava pessoas.
Agora, quase vinte anos depois de sua morte, o mesmo console que o acompanhava na infância pode se transformar em relíquia. Um símbolo curioso de como o sagrado e o digital se cruzam — e de como a geração conectada também pode deixar marcas que ultrapassam o virtual.
E você, o que pensa sobre isso?
Um PlayStation como relíquia é exagero ou o retrato de uma nova era, onde até os pixels podem guardar histórias de propósito, memória e significado?
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