Em outubro, a CD Projekt Red anunciou que estava refazendo o primeiro jogo The Witcher com a ajuda de um estúdio externo chamado Fool’s Theory.
Em entrevista ao podcast One-to-One o dublador de Geralt, Doug Cockle, deu sua opinião sobre o que acha do remake e se ele está envolvido no projeto. Cockle é a voz de Geralt em todos os jogos principais de Witcher, portanto, se a CDPR quiser regravar ou expandir essa performance, é para Cockle que eles precisarão ligar.
“Eu estaria lá em um piscar de olhos”, declarou o dublador sobre se a CDPR telefonasse, o que ainda não aconteceu. “Eu sei tanto quanto você sobre isso no momento. Tudo o que sei é que a CD Projekt Red anunciou que vai refazer o The Witcher 1 no Unreal [Engine] 5, e é somente isso que eu sei. Então, não sei se me trarão de volta para fazer regravação das falas ou se usarão o diálogo do The Witcher 1 como ele é originalmente. Simplesmente não sei.”
Mas quanto mais falamos sobre remake e como eram as coisas quando ele gravou The Witcher 1, mais nítido se torna o quanto as coisas mudaram desde então. O mais provável é que a CDPR regrave as dublagens e existem algumas razões para isso.
Continuidade – muitos dos dubladores mudaram após de The Witcher 1
A Triss de voz inglesa que você conhece e reconhece nos jogos é Jaimi Barbakoff, mas ela não interpretou Triss em The Witcher 1. Foi uma senhora chamada Jules de Jongh quem dublou a feiticeira. Da mesma forma, John Schwab só dublou Dandelion a partir de The Witcher 2.
Isso porque a produção entre os dois jogos mudou completamente. O próprio Cockle quase perdeu o papel de Geralt em The Witcher 2. Se não fosse por um amigo que fez o teste para o mesmo papel, ele talvez nunca tivesse percebido que estava disputando a vaga para Geralt.
“Após The Witcher 1 a CD Projekt Red decidiu recomeçar do zero. Eles criaram uma nova engine para The Witcher 2, para construí-lo eles optaram por um estúdio de produção totalmente diferente – produção de estúdio de voz – e como parte disso eles estavam reformulando tudo também. Acabei sendo um dos poucos que foram trazidos de Witcher 1 e continuaram em Witcher 2 e 3”, diz Cockle.
Isso significa que os personagens que conhecemos, e que se tornaram a marca registrada do aclamado The Witcher 3, soarão diferentes se a CD Projekt Red decidir manter as dublagens originais de The Witcher 1 e isso irá confundir as pessoas.
Qualidade – a produção melhorou significativamente após The Witcher 1
O primeiro jogo foi gravado em 2005, segundo Cockle, há mais de 15 anos. Naquela época, não apenas as capacidades tecnológicas eram diferentes, mas toda a profissão de dublagem de videogame era. E a CDPR era nova e inexperiente no mercado de games, sendo The Witcher 1 seu primeiro jogo.
“Era um ambiente completamente diferente”, diz Cockle, “porque foi em 2005, então toda a indústria funcionava de maneira diferente. Eu não tinha um diretor propriamente dito em The Witcher 1, fui dirigido pelos desenvolvedores. Não lembro exatamente quem estava lá, mas havia pelo menos quatro caras da CD Projekt Red que estavam desempenhando papéis de diretores. E eles foram ótimos, por serem pessoas que eu imagino que nunca dirigiram um dublador antes. E nós conseguimos, fizemos tudo isso e acabou sendo um grande jogo.”
Isso significa que quando The Witcher 2 surgiu e a CDPR decidiu fazer as coisas corretamente, diretores profissionais foram contratados. Cockle também apontou que o impacto do diretor na qualidade da gravação não pode ser exagerado.
Evolução – Geralt mudou muito na década em que Cockle o interpretou
Quando Cockle gravou suas falas finais para a expansão de The Witcher 3: Blood and Wine, ele interpretava o bruxo há mais de uma década e naquele tempo, não apenas sua performance como Geralt evoluiu, mas as coisas que o CDPR queria também mudaram, assim como a escrita que o sustentava.
“Se você jogar todos os jogos, do 1 ao 3, e depois as DLCs, verá que Geralt ao longo dos jogos se torna um ser muito mais emocional”, explica Cockle. “E acho que há uma combinação de fatores aí. Um deles é que eu estava constantemente quebrando barreiras a respeito do personagem, consciente e inconscientemente, dando a ele mais uma vida emocional – porque se ele fosse apenas um caçador de monstros sem emoções, o que poderíamos fazer para desenvolver esse personagem? Então, eu estava sempre forçando um pouco esses limites. E como a CD Projekt Red, e isso não é uma crítica a eles – isso é, na verdade, na minha cabeça, uma celebração de sua vontade de evoluir – [mas] se foi minha leve pressão ou se foi a confiança dos escritores ou produtores ou diretores ou quem quer que fosse […] eu definitivamente notei que o roteiro se tornou mais complexo e me deu mais oportunidades de ir para aquele lugar conforme os jogos amadureciam.”
Oportunidade – Unreal Engine 5 significa potencial para fazer mais
The Witcher 1 foi construído através da engine Aurora da BioWare, que já foi a engine de Neverwinter Nights. Em termos de jogos, isso foi há eras. Havia limitações com o que ele era capaz de fazer, o que poderia mostrar cinematograficamente, mas não existem tais limitações agora. Sendo assim, o desejo de aproveitar ao máximo essas novas capacidades e mostrar o quão longe as coisas chegaram será enorme.
“Imagino que em um mundo ideal, se estão reconstruindo na Unreal 5, terão que ajustar o roteiro porque terão a capacidade de fazer coisas que não tiveram a oportunidade de fazer na época em que fizeram The Witcher 1 pela primeira vez”, diz Cockle, “então isso tem chances de significar que eles podem decidir refazer a voz de parte ou de todo o jogo. Simplesmente não consigo imaginar”, acrescenta, “que com a tecnologia que eles têm agora, eles tentem recriar o mesmo sistema de combate, o mesmo visual dos personagens […] Imagino que com a tecnologia que eles têm ao seu alcance agora vão querer fazer mudanças, eu simplesmente não faço ideia quais mudanças podem ser.”
Mas até onde estão dispostos a ir?
Isso nos traz de volta à questão de até onde a CD Projekt Red está disposta a ir com o remake, porque assim que a equipe começar a atualizar algumas coisas, pode descobrir que precisa atualizar outras e, de repente, acabarão fazendo um jogo totalmente novo. E embora The Witcher 1 seja um jogo antigo, não é pequeno. Antigamente, 100 pessoas levavam cinco longos anos para fazer.
Foi perguntado a CDPR se regravariam as falas para o remake, mas apenas disseram que ainda era muito cedo para falar sobre o remake.
Fool’s Theory também não é um grande estúdio. Possui 59 funcionários listados em seu site. Quantos mais a CD Projekt Red contratará além desses ainda não se sabe. Mas a grande questão é: Essa equipe será capaz de lidar com a amplitude das possíveis mudanças de que estamos falando?
Afinal, este não é o único jogo de The Witcher que a CDPR está desenvolvendo. O estúdio anunciou que estava trabalhando em um quarto grande jogo de The Witcher, que daria início a uma nova trilogia e que também usaria o Unreal Engine 5. Além de um novo IP em que a empresa está trabalhando e um segundo jogo de Cyberpunk.
Hoje a CDPR é uma grande empresa que faz muitas coisas, não é mais uma equipe de 100 pessoas provando que pode fazer um RPG. Agora, há expectativas e o remake de The Witcher 1 terá que atendê-las. Aguardemos os próximos capítulos desta saga.
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Fonte: Eurogamer.
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