THE WITCHER FANFIC | O Raio e o Tempo – Parte 3, por Lucas Covezzi

Fanfic The Witcher

A comunidade brasileira é muito criativa e talentosa, prova disso é nosso parceiro Lucas Covezzi, escritor e responsável pela fanfic de The Witcher intitulada O Raio e o Tempo. Assim, Lucas escreveu a Parte 3 da Fanfic e se você não viu as 2 primeiras partes, clique aqui. Portanto, fique agora com a parte 3 de O Raio e o Tempo!

O Raio e o Tempo – Parte 3

O verde esmeralda dos olhos de Íris é a última coisa que Lucian enxerga antes da escuridão total, suas costas repousam em o que parecia em algo tão macio que parecia flutuar, ao longe escuta ecos, talvez vozes, provavelmente passos, algo formiga em suas costas, uma dor dilacerante toma conta do que ele acredita ser seu corpo, ele tenta gritar, mas nada sai de sua boca, a escuridão ainda é total, os sussurros cessam, ele não é capaz de abrir os olhos e nem se mexer, sua mente está torpe.

Íris em um quarto com paredes rochosas, debruçada sobre uma cama, com as roupas agora sem a armadura está coberta de sangue e retira a última flecha, aos seus pés uma bacia com o líquido escuro e quase uma dezena de panos empapados, igualmente a cama pequena demais para o sujeito moribundo nela posto, ao lado da cama uma dezena de equipamentos de bruxo jogadas de qualquer jeito, ela limpa os ferimentos, cerra os olhos postando a duas mãos sob as costas do indivíduo e eles se fecham quase que imediatamente, mas ele não parece reagir a cura momentânea. Íris cambaleia e se senta em uma poltrona velha no canto oposto a cama do quarto, ofegante, exausta.
“Vai viver Lucian de Velen”
A porta de madeira pesada se abre, um senhor com aparência um tanto incomum, cicatrizes no rosto, apenas um dos olhos, pois provavelmente perdera a visão em combate com alguma fera, trajando um gibão de couro desgastado com o tempo. Este adentra o recinto com outra bacia e olha para Íris e o rapaz de bruços na cama ensanguentada.
“O que há de especial com esse rapaz da escola do Lobo?” pergunta ele apanhando a bacia suja e seguindo até a janela estreita e a virando com tudo para fora.
“Ele me venceu em um combate e parece que conhece algo sobre minha família, algo que tento esconder a quase cincoenta anos e diz ter aprendido com Alzur algumas de suas habilidades”
“Então não se trata de um garoto, provavelmente é um bruxo que se tornou feiticeiro, nunca presenciei algo assim, ou talvez seja ao contrário?” posta ele a bacia vazia do lado da cama, encarando o rapaz curioso.
“Eu não sei, mas ele possui conhecimento sobre os meus dons e também percebeu que não passei pelos testes, não disse, mas percebi isso enquanto me analisava em combate” diz ela tentando limpar agora as mãos que começavam a grudar com o sangue secando.
“O que ele usou de tão impressionante?” perguntou o velho.
“Aeromancia, jogou uma descarga de choque no chão, isso não é feitio de alguém inexperiente, ele sabia o que fazia e escondeu até o último instante” se levanta Íris indo em direção da porta, o ancião seguindo ela, batendo a porta às suas costas, o som abafado da madeira pesada estalou em seguida e Lucian despertou puxando todo o ar que conseguiu, sua cabeça latejava, levando a mão instintivamente, se sentou desajeitadamente, enfiando um dos pés no baldo ao lado da bacia vazia, não conseguia pronunciar nenhuma palavra, apenas trincou os dentes, se levantou tateando com a mente turva, talvez uma poção o fizera ficar assim, sentiu sua boca seca, um som tão alto que parecia que iria explodir seus tímpanos foram ouvidos, mãos seguraram seus braços e ele foi empurrado para a cama novamente.
“Água” disse ele vagarosamente com a voz pastosa.
“Perdeu muito sangue, precisa descansar” uma silhueta negra a sua frente diz com uma voz suave, um copo é entregue entre suas mãos e é virado todo de uma vez, a silhueta se torna nítida e Lucian percebe uma Íris com os cabelos todos bagunçados e sujos de sangue.
“Me salvou? Por que?” pergunta ele começando a se lembrar.
“Quer mesmo falar sobre isso agora bruxo?”
“Talvez” se deita Lucian novamente agora recobrando todos os sentidos depois do copo de água.
“Descanse, depois conversaremos sobre o que quiser” diz Íris saindo do quarto pequeno e Lucian sente seu corpo relaxar e apaga.

“Haverá um tempo onde a centelha e o relâmpago irão se encontrar e assim estilhaçar o tempo, o lugar será ao norte, o propósito, a salvação ou a destruição da chave do mundo. Qual será a chave, uma arma talvez, forjada do sangue e o coração de um gigante de fogo pelos anões sob um ritual élfico, uma espada que ao seu brandir poderá destruir nações ou salvá-las…”

As palavras ecoaram por um salão rochoso, talvez pedras ou tijolos, estava na penumbra, tateou as paredes, tropeçou em um desnível, a luz era turva como velas flutuantes no corredor, se aproximou de uma porta ao seu lado esquerdo, um senhor colocou a cabeça para fora, parecia adivinhar que o garoto ali estava.
“ Venha Lucian, não se acanhe, quero mostrar algo que descobri recentemente” Trajavam uma veste azul escuro longa como um casaco, barba longa, semblante tranquilo e sorria no momento. A sala qual entraram era grande, mas abarrotada de estantes e livros, fora os diários e anotações espalhadas sobre a grande mesa à frente deles. O garoto se aproximou e se pôs ao lado do senhor, uma espécie de tabuleta estava a frente dele com diagramas escritos em um idioma qual ele não conhecia.
“Aqui nesta tabuleta, conta a história, uma lenda que poucos conhecem de uma espada que foi criada numa aliança entre os anões e elfos antes mesmo da primeira chegada deles aqui no continente, e que a espada está aqui, mas parte está ilegível, infelizmente não saberemos onde procurar.”
“Mestre Alzur, acredita mesmo nestas histórias?” questiona o jovem olhando para o senhor.
“Se há uma tabuleta tão antiga encontrada em uma ruína élfica, acredito que sim e você sempre questionando a tudo, isso é bom, faz com que surjam mais perguntas em buscas de respostas, o que poderá te levar a lugares inalcançáveis”
As paredes tremem, um som alto e abafado faz cair poeira do teto, a luz tá tremeluzente se apaga, uma explosão, um portal se forma em sua frente.
“CORRA LUCIAN!!” grita Alzur, a luz projetada do portal faz aparecer contornos de rochas caindo por todos os lados e teto começa a ceder, o garoto é empurrado e ambos saem do portal debaixo de uma tempestade, a silhueta de um castelo em uma encosta de montanha, a ponte elevadiça estava baixada, mas os portões fechados.
“Ficaremos aqui por algum tempo, depois iremos embora.” diz Alzur para o garoto.
“Onde é aqui?”
“Kaer Morhen, a fortaleza dos bruxos da Escola do Lobo” um raio risca o céu e ilumina toda a vista.

Lucian abre os olhos e observa em volta, o mesmo pequeno quarto com paredes rochosas, se senta na cama, sua cabeça ainda latejava, a garganta seca, calça as botas, a camisa ainda rasgada para retirada das flechas e com sangue seco não o incomodavam, se levanta e vai até a porta pesada de madeira, abrindo, encontra um corredor baixo com acesso a uma escada, a desce num círculo por vários andares quando é socado por um vento constante com cheiro de água, então segue a corrente até uma porta no que parecia o térreo e se depara com uma campina e a vista do mar.

“Bem vindo a Kaer Seren, Lucian de Velen” diz uma voz às suas costas.
“Você me trouxe da Teméria até Kovir? Como? É uma feiticeira também?” se dirige ele para Íris.
“Olha só! Vejo que está muito bem, as perguntas começaram, mas o que mais me intrigou no que disse é que também é um feiticeiro, certo? Já desconfiava.” ri Íris de canto, seus cabelos balançavam ao vento constante e o sol destacava mais ainda os olhos esmeralda.
“De fato, me pegou de surpresa nessa, Alzur foi meu mentor por um tempo, não tem o porque de esconder de alguém que acabou de salvar a minha vida. Ele me ensinou várias coisas, curioso eu ter sonhado com ele.” lembrou Lucian.
“E bruxos sonham?” riu ela pela primeira vez, o que pareceu hipnótico para Lucian que a encarou por tempo demais.
“Certo senhorita sangue ancestral, já percebi que não é uma bruxa, mas alguém que recebeu uma boa instrução e treinamento.”
“Que perspicaz, espero que não esteja lendo minha mente, não imagina o quanto odeio isso.” alertou Íris.
“ ALMOÇO PRONTO!” gritou uma voz grave vindo da porta qual saíram.
“Tem mais bruxos por aqui?” andou Lucian na direção da porta.
“Só o Bremen, ele foi quem me ensinou desde muito jovem, algumas outras coisas eu aprendi durante minha jornada, ele é quase um pai, o qual eu nunca conheci.” andavam eles em direção ao que pareceu a cozinha, o aroma era muito bom e ali sentaram a pequena mesa de madeira e comeram. Lucian conheceu Bremen que contou um pouco sobre a Escola do Grifo e do porque não existirem mais bruxos por alí.

“Jovem Lucian, como conseguiu conquistar o coração de gelo da jovem Íris? Príncipes, duques, lordes já tentaram a cortejar, mas ela nunca nem um dedinho recuou de seus objetivos, estou contando o que ela mesma me disse” Gargalhou Bremen enquanto virava uma caneca de cerveja.
“Conquistar?” Olhou do velho alegre para Íris que o encarava cerrando os olhos, parecia que iria o esfaquear a qualquer momento.
“Ele fala demais, eu gostava mais quando ele apenas recepcionava os amigos da escola, agora que vive sozinho, sempre encontra uma forma de alongar a conversa” vira ela agora um gole de cerveja.
“Não seja rude com as visitas Íris, ele está aqui por sua causa, e você está aqui por causa dele, parece até que o destino uniu os dois” riu ele pegando um pedaço de frango do prato posto.
“Destino, que baboseira” diz Lucian bebendo também e ambos olharam para ele.
“Já houveram dezenas que disseram isso rapaz, uma dúzia passou por aqui ou mesmo pela côrte e que presenciei nos meus anos de serviços e sempre eles foram convocados para algo muito maior que eles, a força que move tudo e que liga a tudo.” Muda Bremen seu tom de voz.
“Eu sou só um bruxo que faço serviços de merda para que pessoas possam viver mais um dia, o que isso tem de grandioso? Ela sim é especial, eu só tive um pouco de sorte de cruzar o seu caminho e o preço da curiosidade me trouxe até aqui.” conclui Lucian.
“Sorte? Para um bruxo que aprendeu com Alzur e sabe dominar Aeromancia, não tem nada de comum, você é uma criação direta dele, uma criação que pode ser híbrido entre bruxo e feiticeiro.” Toca Bremen em um lugar que Lucian pareceu desconfortável.
“Querem mesmo saber da história toda?” Inicia ele.
“Eu não tenho mais nada o que fazer hoje.” Vira Íris outro gole de cerveja.

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Em breve teremos o fim da história e traremos aqui no Vale, portanto fique ligado!

Autor(a): Pedro Voltera
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